Resumo:
«Os primeiros jardins botânicos surgiram no século XVI em Itália (i.e. Orto Botanico dell'Università di Pisa, em 1543, e o Orto Botanico di Padova, em 1545) e foram estabelecidos com o intuito principal de estudar plantas medicinais. Desde então, os jardins botânicos alargaram os seus objectivos no âmbito da investigação científica, bem como o seu papel na conservação da natureza, ou na educação ambiental, constituindo actualmente as mais importantes instituições na àrea do conhecimento da diversidade vegetal. Na presente comunicação, vamos embarcar numa viagem de 500 anos, percorrendo vários marcos na história dos jardins botânicos, dando-se particular destaque ao papel que os maiores jardins botânicos do mundo (i.e. Royal Botanic Gardens, Kew, England, e New York Botanical Gardens, New York, USA) têm tido no conhecimento e conservação da diversidade vegetal. Possuindo valiosíssimas colecções de herbário, arquivos e bibliotecas com informação especializada, ou até mais recentemente bancos de DNA, os jardins botânicos detêm materiais de estudo únicos, para a realização de trabalhos de taxonomia, sistemática molecular, recursos vegetais e ecologia. Como espaço de conservação e de investigação, estes jardins têm um papel fundamental para a preservação de espécies de plantas consideradas ameaçadas na natureza, nomeadamente através de programas de multiplicação ex-situ, tendo em vista acções futuras de reintrodução. Na trajectória pelos jardins botânicos destacam-se os especializados em coleções de espécies tropicais (i.e. Kirstenbosch National Botanical Garden, Cape Town, South Africa, e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil) e, ainda, os que foram criados com outros objetivos, muito específicos, como é o caso do Jardim Botânico Tropical (IICT/Universidade Lisboa), criado para apoiar o ensino da agricultura tropical. Este jardim está instalado em Belém, numa das zonas monumentais de Lisboa, e, para além do valioso património vegetal, destaca-se ainda o património edificado com estátuas antigas de mármore de Carrara e, no topo da encosta em que o Jardim se desenvolve, o Palácio dos Condes da Calheta, do séc. XVII, complementado com um jardim formal de buxo. Para terminar esta comunicação, refere-se que ao longo dos últimos 500 anos os jardins botânicos deram resposta às necessidades no âmbito da botânica tendo, para além da forte vertente científica, o papel de sensibilizar os milhares de visitantes sobre a questões ambientais actuais ligadas à sustentabilidade e conservação da biodiversidade mundial.»