Resumo: A agenda dos Direitos Humanos tem uma relação complexa e ambígua com as noções de igualdade social, nomeadamente socio-económica, e de diferença cultural, nomeadamente de autonomia de quadros de valores e relações sociais ditos tradicionais. Mas em grande medida essa complexidade e ambiguidade assenta em alguns equívocos sobre, por um lado, os binómios igualdade/desigualdade e diferença/semelhança e, por outro, sobre a noção de “cultura”. Procurar-se-á (recorrendo a exemplos paradigmáticos como o “véu islâmico” ou a mutilação genital feminina) desmontar esses equívocos e esboçar uma abordagem dos Direitos Humanos mais flexível, assente no gesto etnográfico que caracteriza a antropologia, e preocupada com o máximo de potencial emancipatório.