Resumo: Génio incompreendido, vítima do fado lusitano, Príncipe dos Poetas, arauto das Descobertas, soldado do povo, voz do Império, símbolo da portugalidade, embaixador da lusofonia, património da Humanidade... Muitos são os epítetos atribuídos a Camões ao longo dos séculos, fazendo eco das subjectivas coordenadas espácio-temporais dos seus leitores.
Dando continuidade a uma vasta tradição de estudos que analisam a presença cívico-cultural do mito camoniano no devir da História, propõe-se uma reflexão sobre o aproveitamento da figura de Camões e da sua obra nas Artes e nas Letras das últimas décadas. Pretende-se, assim, selecionar uma amostra significativa de manifestações artísticas provenientes das mais diversas áreas – incluindo várias tipologias literárias, produções musicais, pinturas, versões escultóricas e adaptações performativas, teatrais ou cinematográficas – de modo a evidenciar a forma como dialogam com o Poeta. Neste âmbito, são contemplados exemplos que colheram inspiração num determinado episódio biográfico, que interpretam a obra de Luís Vaz ou que revisitam e modulam temas por ele celebrizados.
Através desta abordagem desenvolvida numa perspectiva interartes, procurar-se-á medir o impacto cultural e simbólico da presença camoniana num momento marcado pela discussão sobre o património e a identidade do nosso país. Qual é, afinal, a memória de Camões que prevalece, quando Portugal se prepara para celebrar 500 anos do seu nascimento?