Resumo: Irene Lisboa (1892-1958), além da poesia, foi autora de um notável conjunto de textos em prosa destinados não só aos adultos como ao público infanto-juvenil. Não descurando o conhecimento da tradição, a prosa ireniana revela um pensamento modernista que procura uma nova forma de representar literariamente a vida. A leitura de textos intimistas como Solidão (1939), as crónicas de Esta Cidade! (1942) ou as novelas autobiográficas Começa uma vida (1940) e Voltar atrás para quê? (1956) permite observar a problematização dos conceitos de autoria, género literário, realidade e ficção, bem como a valorização de temáticas aparentemente banais, da insignificância, da vida quotidiana.