No seu romance de estreia – Varanda de Pilatos (1926) –, Nemésio descreve uma suposta iniciação maçónica: o «iniciado», que adoptou Bartolomeu dos Mártires como nome simbólico, é a personagem Venâncio, na qual se identificam traços biográficos do autor – que por sua vez, pouco tempo antes (1923), fora iniciado como Manuel Bernardes na Loja «A Revolta», de Coimbra.
Mais tarde (no ensaio «Da Poesia», 1961), Nemésio considera que o soneto de Baudelaire «Correspondances» – de forte simbologia maçónica –, se viria a transformar em «um dos pretextos capitais da teoria da essência poética, senão o seu fundamento».
Finalmente, na dedicatória de Limite de Idade (1972) a Aurélio Quintanilha, Nemésio aplica a este seu amigo – cientista, professor e maçon, além de conterrâneo da Ilha Terceira –, e à sua obra científica, o conceito maçónico do «eterno retorno».
Sigamos, pois, o trilho de Nemésio pela «floresta de símbolos» que é a sua obra literária.