Resumo: Desde «O dia dos prodígios» (1980) até «Estuário» (2018), a obra ficcional de Lídia Jorge percorre diferentes lugares, experiências e memórias para desenhar uma cartografia da vida precária e interrogar incansavelmente as sombras que se escondem nas dobras do tempo, sabendo que “escrever sobre o passado é sempre uma proposta de futuro”. A partir de alguns conceitos fundamentais de Agamben, veremos como o olhar iluminador da romancista se debruça sobre o arcaico e o contemporâneo, para resgatar do silêncio os contornos mais sensíveis da realidade, oferecendo-nos um testemunho notável sobre a vulnerabilidade humana e interpelando-nos para uma reflexão estimulante sobre a importância da literatura na transformação do mundo.