20 de Janeiro - 17 horasResumo: Sensivelmente pela mesma altura em que assumiu o papel de arquitecto-mor das obras da Basílica de São Pedro no Vaticano, Rafael Sanzio tornou-se também o guardião das ruínas da Antiguidade Clássica em Roma. A admiração que nutria pelas reminiscências de um Passado grandioso permitiram-lhe não só encarar as ruínas como um bem patrimonial com valor artístico e histórico que urgia estudar e preservar, como lhe incutiram um gosto hedonístico pelos significados que estas possuíam. A atracção pelas ruínas - ou o "culto da ruína" - foi sendo depois desenvolvido paulatinamente nos séculos seguintes, tornando-se num dos apanágios pelo qual o Movimento Romântico é frequentemente referenciado. Seja por uma busca estética do Pitoresco, do Belo ou do Sublime alcançada pela reverência desses espaços com ruínas, seja pelo incutir de sentimentos de prazer poeticamente associados a ruínas coexistindo em simbiose com a natureza e marcando a passagem do tempo, ou seja ainda pelo interesse mais racionalista pelos vestígios arqueológicos de um Passado que se pretendia conhecer e preservar, o facto é que esse culto ruinista se espalhou e, como não podia deixar de ser, chegou também a Portugal. Pretende-se sintetizar a origem dessa atracção pela ruína com génese no rafaelismo, o seu desenvolvimento e evolução que motivaram a construção de falsas ruínas em parques e espaços ajardinados, e a sua referenciação e contextualização no espaço português.
Joaquim Rodrigues dos Santos - Investigador e docente convidado no ARTIS - Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde desenvolveu um projecto de pós-doutoramento. Doutor pela Universidad de Alcalá de Henares (Espanha), Mestre e Licenciado em Arquitectura pela Universidade de Coimbra, e Especialista em Salvaguarda Patrimonial pela Universidade Federal da Bahia (Brasil). Foi investigador da Universidade Lusófona de Cabo Verde e investigador visitante na Goa University (Índia) e na University of Moratuwa (Sri Lanka). Desenvolve investigação na área da história da arquitectura e salvaguarda patrimonial em Portugal e antigos territórios ultramarinos, coordenando e colaborando em vários projectos de investigação.