14 de Janeiro - 15 horasComunicação do académico Senhor Fernando Venâncio, intitulada Como pôde o português castelhanizar-se, e sobreviver:
A história da língua portuguesa conheceu situações imprevistas. Entre elas, conta-se o processo que, a partir de 1400, levou o português a desenvolver dinâmicas próprias, que contrariavam a herança do galego, até então preponderante. Nesse movimento de emancipação, teve papel relevante o castelhano, sentido como idioma pujante e atraente, e portanto seguro modelo. Trata-se de dois processos paralelos, um de desgaleguização e outro de castelhanização, que se prolongaram por séculos. Deles, foi a castelhanização o desenvolvimento mais determinante, envolvendo abundante apropriação tanto de materiais criados em Castela como de outros (sobretudo latinismos) de que o castelhano já beneficiara. Nesta integração de castelhanismos, tiveram acção importante alguns autores considerados clássicos, como João de Barros, Camões, António Vieira e Manuel Bernardes. Mas a presença do castelhano na cena diária portuguesa vai bastante além dessa expressão literária. Por volta de 1750, tem lugar uma reorientação para o francês como fonte de enriquecimento vocabular. Este e outros factores, que serão expostos, reduziram, sem contudo extinguir, a via castelhana, que ameaçava a independência do nosso idioma.
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