Educação, política e os riscos contemporâneos da democracia
A discussão sobre a relação entre educação e política é, simultaneamente, recorrente e flutuante. Recorrente, porque a educação foi e é o melhor preditor da participação cívica e política, de jovens e de adultos. Flutuante porque, de tempos a tempos, o lugar da política na educação e no currículo é contestado, oscilando entre a prioridade e a irrelevância. Partirei do princípio de que nem é possível deixar a vida à porta das escolas, nem deixar a política à porta da vida. Mas, a partir da investigação que temos realizado, em Portugal e noutros países europeus, ilustrarei como essas tensões se repercutem no quotidiano de jovens, de formas diversas e, frequentemente, perversas. É aqui que os riscos contemporâneos da democracia, condimentados pela sequência de crises em que parecemos viver neste início de século, nos acordam, como diria António Sérgio, a pontapé. Tentarei ilustrar como o panóptico digital, a polarização política, a personalização e o populismo criam condições para o apelo de discursos anti-democráticos e de exclusão - e como a educação, com a política lá dentro, é o lugar de esperança para a democracia.
Nota biográfica: Isabel Menezes é licenciada e doutorada em Psicologia pela U.Porto, onde é Professora Catedrática no Departamento de Ciências da Educação. É investigadora do Centro de Investigação e de Intervenção Educativas (CIIE), com foco na participação cívica e política de crianças, jovens e adultos, e as formas como a educação formal e não formal (incluindo a arte comunitária) pode ter um papel empoderador na relação com a política. Atualmente, a sua investigação foca-se na responsabilidade social das universidades e na educação para as mudanças climáticas como ferramenta de promoção da agência política de jovens. Preside à direção da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação.
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